quinta-feira, 16 de junho de 2016

Primeira Maratona: alcance de um sonho, até onde as consequências fisiológicas falam mais alto? Visão de uma nutricionista e maratonista

Muitos sabem dos benefícios da corrida, tanto físicos como psicológicos, mas muitos me questionam, principalmente por eu ser corredora, se correr muito é saudável. Há vários estudos, falando dos processos inflamatórios em uma corrida, como o publicado na revista Journal of Physical Therapy Science por RYU e colaboradores neste ano, intitulado como “Impact of diferent running distances on muscle and lymphocyte DNA damage in amateur marathon runners “, onde mostrou danos musculares e mesmo no DNA de corredores amadores de 10km, 21 km e 42 km que já tinham experiência em maratona. Mas o que faz o ser humano percorrer grandes distâncias: desafio, superação pessoal, performance, bem estar?
Histórias de corredores são similares, mas cada um teve a sua particularidade, como podemos ver nos depoimentos abaixo:
Claudia Wagner, por exemplo, fez a primeira maratona sem querer, ia fazer uma meia maratona e acabou finalizando os 42km, provavelmente motivada pelos próprios corredores ou por si mesma. Fez Berlim para se superar e por satisfação pessoal, todavia hoje não busca apenas distâncias, mas corridas que lhe proporcionam prazer, como a realizado em Cusco no Peru, 20 Km, em maio deste ano, onde alcançou o terceiro lugar.
Denis Garcia ao ver uma corrida na Antártica no programa Planeta Extremo, motivou-se pelo desafio de outras pessoas correrem no gelo e se propôs a fazer a sua primeira maratona, porém com mais calor e foi para o Rio de Janeiro. Animou-se tanto que partiu para ultramaratona e hoje tem grande experiência nesse tipo de prova.
Artur Reis foi motivado pela necessidade de sair da rotina e fazer algo novo, animado pelos amigos e querendo ter mais saúde, decidiu fazer a sua primeira maratona após 6 meses do início de corrida, mas uma lesão no joelho fez com que desistisse no km 30. Mais maduro, consciente da necessidade de fortalecimento e um melhor acompanhamento, fez um ano depois a maratona de Paris, com ótimo resultado. Hoje também tem ultramaratonas em seu currículo e sempre busca novos desafios.
Eu sempre fui cautelosa e adiei muito correr uma maratona ao pensar nos processos inflamatórios, possíveis lesões musculares e até o quanto era saudável, ou seja, é como se passasse um filme na minha cabeça. Mas o fato de lidar com tantos clientes no consultório que correm maratona e conhecer o dia a dia de treino deles, a conciliação disto tudo com a família, trabalho, os ajustes da alimentação e da suplementação, o envolvimento dos parceiros de corrida, tudo isto despertou uma curiosidade e uma necessidade de partir para uma maratona. E aí pensamos de uma forma diferente e as possíveis alterações fisiológicas, não são ignoradas, mas incluídas no planejamento para minimizá-las e finalizar uma maratona.
Vejo vários clientes que correm mais de uma maratona e cada uma delas há objetivos diferentes, sejam pelo tipo de terreno, para dar força a um amigo, melhorar o ritmo ou simplesmente correr em um lugar diferente. Eu decidi fazer a minha em Roma, em abril deste ano, unindo o desejo de conhecer a beleza da Itália e ter essa experiência. Contei com a ajuda de uma equipe fantástica de educadores físicos (na corrida, na musculação, no treinamento funcional), além do apoio dos amigos, que se ofereceram até mesmo para apoiar fisicamente nos treinos, com bicicleta ou mesmo correndo junto – isso tudo não tem preço e mesmo o cansaço de volume de treino ou acordar cedo tornam se secundários. Sem dúvida, que toda esta orientação e mesmo a adequação de todos os nutrientes ao estado fisiológico atual, foram muito importantes e minimizarem possíveis lesões por aumento de radicais livres, processos inflamatórios e mesmo queda na imunidade. Ou seja, ter um profissional de educação física, nutricionista e mesmo fisioterapeuta, é fundamental e torna o alcance da maratona muito próximo e mais saudável. E você aí, corredor, topa uma maratona?