O Congresso de Nutrição
Esportiva Funcional da VP esse ano consolidou alguns conceitos importantes
nessa área por meio de importantes profissionais da área. Murilo Pereira falou sobre
o microbioma do atleta, mostrando que a modulação intestinal do esportista pode
impactar positivamente na melhora muscular do atleta, além de minimizar
formação de substâncias que aumenta o risco cardiovascular. Nayara Massunaga
mostrou que até a queda do T3 por aumento do cortisol pode atrapalhar na
miogênese e deu dicas de importantes fitoquímicos para a imunoregulação e
melhor recuperação no exercício. Maiara Lima falou sobre o FOODMAPS na
performance esportiva, mostrando mais uma vez o papel da individualidade e a
necessidade de adequar alimentos que minimizam alterações gastrointestinais
durante o exercício. Ana Beatriz Baptistella nos mostrou que assim como o
atleta precisa ser treinado para melhorar a performance, na nutrição podemos
treiná-lo para melhorar a sua tolerância gástrica e receber os nutrientes que
precisa, aumentando inclusive a eficiência na absorção de alguns deles. Ricardo
Sodré falou sobre as adaptações celulares na ciclagem de ergogênicos
nutricionais, dando ênfase na periodização nutricionail. Rodrigo Loshi falou
sobre lesões, esteroides anabólicos, treinamento de força e nutrição e colocou
que não há recomendações específicas para quem faz o uso de esteroides
anabólicos. Andreia Naves falou sobre o impacto da nutrição na recuperação de
exercícios intensos sob uma perspectiva metabolômica e mostrou que a maior
ingestão de carboidrato ainda está relacionado com aumento da performance, que
alguns polifenois prevene o risco de dano muscular, sendo que alguns retardam a
fadiga. Bernardo Neme palestrou sobre síntese proteica e nutrição, relatou
técnicas de treino e volume de carga para o efeito de hipertrofia, frisando que
individuos treinados precisam de maior estímulo. Guilherme Rosa falou sobre
adaptações moleculares da ingestão de carboidratos para síntese de força e mostrou
mais uma vez o papel dos carboidratos, inclusive com estudos que mostram que
apesar das dietas low carb promover maior utilização de gordura, aumenta a
percepção de esforço e pode impactar na performance. A dieta com mais
carboidrato permitiu aos atletas maior número de repetições, melhora no VO2 e
redução do lactato. Rodrigo Loschi mostrou termogênicos e fitoterápicos
associados ao treinamento de força para aumento de massa muscular, como o uso
da capsaicina que aumenta o cálcio no retículo sarcoplasmático para promover
maior contração; o uso de L-carnitina que suplementada com carboidrato permaneceu
mais tempo no músculo; a sinefrina associada a cafeína aumentou o número de
repetições nos atletas. O uso de inibidores de miostatina não mostraram efeitos,
já a beterraba na concentração de 400 mg de nitrato foi útil para aumentar o
número de repetições no exercício, sendo administrada 2 a 3 horas antes. Valden
Capistrano falou sobre pre sleep nutrition, treinamento de força e síntese
proteica e mostrou que treinos que requerem mais grupos musculares, como o
crossfit, precisam de mais proteína; que o efeito é semelhante entre os
diversos tipos de proteína e, que doses aumentadas de proteínas para idoso
evita sarcopenia. Brian Cordeiro falou de outras aplicações para a creatina,
inclusive na reconstrução de tecido epitelial e diminuição de inflamação.
Henrique Freire falou de fitoquímicos para desinflamar o tecido adiposo e
promover o emagrecimento, inclusive mostrou a prática com a utilização de
alimentos com estes compostos em preparações simples. Márcio Souza palestrou
sobre os fatores que afetam a efetividade dos suplementos nutricionais, como o
ácido clorídrico do estômago, o peristaltismo intestinal, bem como problemas de
disbiose que atrapalham a absorção dos nutrientes desses suplementos, também
falou do cuidado com suplementos contaminados, com composição diferente da
expressa no rótulo e mesmo com excessos que podem alterar a homeostase
hepática. Andreia Naves mostrou os compostos nutricionais que associados a
ingestão de carboidratos podem auxiliar na ressíntese de glicogênio como as
soluções de glicose com frutose, a associação de proteínas, bem como a de
carboidratos com creatina para melhor absorção dessa última, bem como o uso de
hidrocitrato, cafeína com carboidrato e uso de chocolate. Guilherme Schwitzer
falou sobre os nutrientes que estimulam a lipólise e sua relação com a
capacidade de endurance, como a vitamina D que estimula a lipase sensível (que
estimula a utilização de gordura), o cálcio como sinalizador de enzimas
lipolíticas, o magnésio como receptor de insulina para o seu maior
funcionamento e o efeito dos capsinoides no gasto de energia e oxidação de
gordura no repouso e durante o exercício. Mais uma vez Marcio Souza abrilhantou
o evento ao falar dos efeitos dos vários tipos de dieta na resposta a lipólise
induzida pelo exercício e enfatizou, assim como Luciano Bruno, que são
estratégias adaptadas ao objetivo do paciente por um determinado momento.
Gustavo Barquilha falou da influência do exercício de força na melhora da
performance de endurance, principalmente no que se diz a economia na corrida,
seja ele no tempo ou na melhor eficiência na execução do exercício. E para
finalizar, mais uma vez Valden Capistrano mostrando as alterações nos exames
bioquímicos de atletas, muitas devido para se adaptar ao estado fisiológico do
atleta, e sua correta interpretação, associado sempre aos sinais e sintomas. Foi um evento muito enriquecedor e valeu a
pena fechar a agenda para apreciar esse momento de atualidade e consolidação do
saber científico.
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
terça-feira, 5 de setembro de 2017
Dieta Paleolítica: há vantagens em adotá-la como estilo de vida?
Essa dieta ou estilo de vida baseia-se na alimentação de nossos ancestrais de 10.000 anos atrás, com a argumentação que a evolução para novos alimentos cessou nessa época e que a adieta atual e estilo de vida contribuíram para as atuais doenças da civilização. Os apoiadores dessa dieta relatam que ela contribui para a redução de peso e correção de alterações metabólicas. A preocupação é quanto a adequação de cálcio, já que a ingestão de alimentos fontes, como os lácteos, não é permitida e, mesmo outras fontes vegetais de cálcio, tem a ingestão limitada. Há questionamentos quanto a sua evidência histórica, bem como as alegações a saúde. Alguns antropólogos dizem que hábitos são aprendidos por mecanismos comportamentais, sociais e fisiológicos e questionam essa dieta nos dias de hoje. Há alguns estudos comparativos, inclusive com dietas mediterrâneas, que mostraram vários benefícios com o uso dessa dieta, tais como:
- maior perda de peso (outros estudos, mostraram não haver diferença);
- melhora do funcionamento da insulina que regula a glicemia (açúcar) no sangue;
- redução da cintura abdominal (quando aumentada piora o risco para diabetes e doenças cardiovasculares);
- melhora dos lípides (gordura) no sangue;
- melhora da pressão arterial;
- melhora da saciedade, provavelmente por conter mais proteína.
Outros estudos, não mostraram benefícios na melhora da permeabilidade intestinal (o intestino mais permeável torna a pessoa mais suscetível a doenças), nos processos inflamatórios ou mesmo no cortisol salivar (indicador de estresse). E ainda, apontaram a dificuldade de adesão e seu custo maior.
Nessa dieta, os cereais como aveia, cevada, arroz, milho, bem como os lácteos estão proibidos, sendo permitido as raízes, as oleaginosas (grupo das castanhas), as carnes, aves, peixe, frutas, hortaliças. Preconiza-se ter uma alimentação o mais natural possível, evitando os alimentos processados. Suas características nutricionais é a riqueza de: antioxidantes, fibras, fitoquímicos, vitaminas; além de ser reduzida em sódio. A suplementação de cálcio deve ser avaliada individualmente.
É importante enfatizar que essa dieta não é low carb (baixa em carboidratos), pelo contrário, na era paleolítica havia uma grande ingestão de frutas, mesmo assim o funcionamento da insulina era ótima. É uma dieta hiperproteica, cujo objetivo não é especificamente a redução de peso e sim a promoção da saúde. Mais estudos se tornam necessários para avaliar a eficácia dessa dieta. Cuidado com as adaptações modernas dessa dieta! Alguma dúvida, pergunte-me aqui!
Até mais!
Esse post se apoiou na seguinte literatura:
PITT, C.E. Cutting through the Paleo hype: The evidence for the Palaeolithic diet. AFP.; VOL.45, (1-2): 35-38, 2016.
lINDEBERG, S. Palaeolithic diet (‘‘stone age’’ diet). Scandinavian Journal of Nutrition; 49 (2): 75-77, 2005.
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